quinta-feira, 13 de agosto de 2009

A procura de paz de espírito

É, os vinte voaram, os trinta cavalgaram e, de repente, me vejo batendo à primeira porta dos "enta". Os quarentinha estão chegando, estão chegando os querentinha...

Depois de uns meses de inferno astral, que se estenderá, dizem, até a data precisa do meu aniversário, resolvi deixar certas neuras para trás e, sem grandes ilusões, trazer à tona as vantagens de se chegar a essa idade.

Uma delas, indiscutivelmente, é a interação com o saco. Hoje, muito mais do que ontem e anteontem, saquei que, finalmente, entendi meu saco. E ele, provavelmente, a mim. Há um tempo, tolo e pretensioso, eu o desafiava. Ora em baladas noturnas, repletas de gente que não me dizia respeito e música que me virava o estômago, ora por meio de sorrisinhos hipócritas que me via obrigado a dar...

E o saco, coitado, ainda pouco enrugado, nada podia fazer, a não ser encolher e recolher-se. Foram dias, meses e anos de pé no saco. Mesmo assim, otimista, o saco enchia-se de esperança.

Bom, o que quero dizer, basicamente, é o seguinte: tenho notado que chegar aos quarenta simplifica muita coisa. Perde-se o receio de se expor com franqueza, perde-se um pouco do pudor - mas não meramente por rebeldia - ganha-se mais senso de humor, mais segurança para se dizer besteiras (como é o caso, agora) e, sobretudo, passa-se a ter muito mais noção de finitude...

Nada mórbido, não. Muito pelo contrário. É que, em se tendo tal noção mais apurada, a gente meio que desencana de bater de frente. Se não desencana totalmente, pelo menos diminui bastante o impacto. Tudo passa a soar mais como piada e menos como urgência. Máscaras caem, poses despencam e as preocupações comportamentais de alguns passam a nos arrancar solenes gargalhadas. Sei lá, mas tenho começado a sacar uma gostosa sensação de desprendimento diante da grande babaquice que nos assola a todos...

É claro que meu saco, mesmo com aparência de morto, ainda continua vivo. Que o diga seu companheiro mais próximo. Mas, em verdade vos digo: depois que passei a aceitar os 40tão - até pq., não tem outro jeito mesmo - parece que me aproximei do que as pessoas mais carismáticas e interessantes costumam chamar de "paz de espírito".

Mesmo que os nervos, vez ou outra, retornem à flor da pele, em função das acefalias e injustiças que predominam em nosso cotidiano, noto que, com muito mais facilidade e eficácia, consigo me acalmar, abstrair, sopesar e seguir em frente.

E em hipótese nenhuma, que fique claro, quero comparar maturidade e calma com alienação e aceitação total. Mas as coisas, me parece, tornam-se mais departamentalizadas a partir da quarta década de existência.

Acho que é isso, ou quase isso, ou mais ou menos isso.

Pra fechar, um sonzinho tosco, "In Search Of The Peace Of Mind", d'minha autoriamesss...


Um comentário: